segunda-feira, 15 de março de 2010

Estudo revela que vulnerabilidade da saúde de catadores de materiais recicláveis está relacionada à baixa auto-estima


Um estudo realizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) com 124 trabalhadores da comunidade de São José do Coque, em Recife (PE), revelou que a baixa auto-estima dos catadores de materiais recicláveis é o principal fator que os leva a descuidarem da saúde. De acordo com o estudo, realizado por Jandira Aureliano de Araújo, doutora em saúde pública pela Fiocruz de Pernambuco, mais de 200 mil catadores de materiais recicláveis se submetem a uma jornada de trabalho diária de 10 horas, em condições insalubres e precárias. Embora sejam muitos e andem por lugares públicos, são ignorados pela sociedade. Segundo Jandira, esta “invisibilidade pública”, faz com que esses catadores tenham uma baixa auto-estima, tornando-se vulneráveis diante dos riscos ambientais à sua saúde.

Na comunidade estudada, o trabalho inicia-se no período da tarde, quando é separado o material recolhido da noite e da madrugada anteriores. Esses catadores chegam a carregar até 300 quilogramas de material em carroças por longas distâncias, o que ocasiona problemas à saúde, como dores nas costas, pernas, e até mesmo hérnia. Além disso, segundo ela, “eles não costumam ser precavidos. Abrem os sacos de lixo de qualquer jeito. Sem botas, luvas e máscaras, esses catadores estão expostos até mesmo à lixo hospitalar”, diz.

Todavia, o estudo mostrou que, apesar de esses catadores terem ciência dos riscos aos quais estão expostos, eles não tomam atitudes preventivas. De acordo com Jandira, a não utilização dos equipamentos de proteção individual (EPI’s) por parte desses catadores deve-se ao fato de eles não terem condições financeiras para isto. Muitos, inclusive, atribuem à prefeitura a responsabilidade pelo fornecimento gratuito desses equipamentos.

A pesquisadora, que iniciou o estudo para o seu mestrado em saúde pública na Fiocruz Pernambuco e concluiu que a baixa auto-estima torna os catadores vulneráveis à saúde, pretende investigar agora a atuação do Programa de Saúde Ambiental no município pernambucano, em comunidades mais insalubres.

Fonte: Instituto de Saúde

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