terça-feira, 9 de março de 2010

Rede internacional Estados Unidos–América Latina avança na pesquisa do câncer de mama



A Rede de Pesquisa do Câncer Estados-Unidos – América Latina acaba de dar um passo importante para a estruturação do projeto-piloto de pesquisa sobre o câncer de mama localmente avançado. Especialistas de instituições do Brasil, EUA, Argentina, México e Uruguai (os do Chile não puderam comparecer em decorrência dos danos causados pelo terremoto), se reuniram no Rio na Oficina de Patologia e Epidemiologia, com o objetivo de uniformizar critérios de classificação e práticas com vistas ao diagnóstico padronizado dos subtipos do tumor de mama.

Esta necessidade foi identificada na última reunião dos integrantes da Rede (em novembro de 2009, no Chile), para concluir o protocolo clínico a ser utilizado. A oficina no Rio recebeu apoio técnico e financeiro do INCA e do National Cancer Institute (NCI). O diretor-geral do INCA e coordenador pelo Ministério da Saúde no projeto, Luiz Antonio Santini, e o diretor do Gabinete para o Desenvolvimento de Programas de Câncer na América Latina do NCI, Jorge Gomez, abriram o evento e enfatizaram a importância do encontro.”É essencial que esta reunião resulte em um consenso entre os participantes com vistas aos métodos, infraestrutura e equipamentos necessários ao diagnóstico”, afirmou Gomez.

Após a assinatura do convênio entre os países participantes do Projeto, em setembro de 2009, seis subgrupos clínicos foram formados: oncologia clínica/mastologia, patologia, epidemiologia, molecular/bioinformática, tecnologia da informação (para sistematização dos dados) e bioética. Periodicamente são realizadas conferências por telefone de cada grupo, seguidas de encontros.

Na reunião do grupo de patologistas, coordenada pelos chefes da Divisão de Patologia do INCA e do Hospital AC Camargo (SP), Paulo Faria e Fernando Soares, respectivamente, foram discutidos os métodos de subclassificação de tumores e de aplicação da análise imuno-histoquímica. Este exame consiste no uso de anticorpos como reagentes específicos para a detecção de moléculas que caracterizam as células tumorais, vital para um prognóstico preciso, e a utilização de condutas terapêuticas mais específicas. “O tratamento varia de acordo com a positividade aos anticorpos, que demonstra se o tumor é dependente de alguns fatores: progesterona, estrogênio ou HER-2”, explica a coordenadora de Projetos e Financiamento em Pesquisa do INCA, Marisa Breitenbach.

Outro aspecto igualmente importante para o diagnóstico são os perfis epidemiológicos das pacientes, que influem no desenvolvimento da doença e no seu prognóstico. Por isso, foi elaborado pelo grupo de epidemiologistas da oficina um questionário que será agregado ao protocolo clínico. O questionário compreende desde a identificação e características socioeconômicas e demográficas até a história familiar de câncer e fatores relacionados ao diagnóstico e tratamento. Também foram incluídas questões sobre a história hormonal e reprodutiva, o cuidado com a saúde e o estadiamento clínico do tumor. Segundo Paulo Faria, os exames histopatológicos isolados são insuficientes para o diagnóstico completo. "É necessário relacionar os resultados científicos com os dados epidemiológicos.”

A chefe da Divisão de Epidemiologia do INCA, Liz de Almeida, acredita que essa é uma oportunidade ímpar de reunir grupos de pesquisadores das áreas básica, clínica e epidemiológica. “Vamos conseguir finalmente estudar as associações entre características genéticas, comportamentais e ambientais na região”, comemora.

A próxima etapa do Projeto de Pesquisa sobre o Câncer de Mama localmente avançado está prevista para abril, em Washington, quando será realizada a reunião do subgrupo de Tecnologia da Informação para estabelecer parâmetros para a sistematização de dados.


Fonte: INCA

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